Professora Raquel Santiago discute a urgência da justiça alimentar frente à crise climática em artigo no jornal O Popular
Docente da FANUT/UFG alerta que sistemas alimentares insustentáveis intensificam desigualdades e aponta caminhos para uma transição climática justa e saudável.
A professora Raquel Santiago, pesquisadora e docente da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (FANUT/UFG), publicou neste fim de semana, no jornal O Popular, o artigo de opinião intitulado "Clima e justiça alimentar". No texto, a especialista analisa como a crise climática deixou de ser apenas uma previsão futura para se consolidar como um risco iminente à saúde humana, com impactos diretos na segurança alimentar e nutricional.
Artigo 'Clima e Justiça Alimentar' da Professora Raquel Santiago, da UFG, em destaque no jornal O Popular.
Baseando-se em dados recentes, como o Lancet Countdown Latin America Report 2025 e o EAT-Lancet Commission Report (2025), a professora destaca a posição central da alimentação neste debate. Segundo Santiago, "os sistemas alimentares ocupam posição central neste cenário, atuando simultaneamente como causa e consequência das mudanças climáticas".
O artigo ressalta que a produção de alimentos é responsável por cerca de 30% das emissões de gases de efeito estufa. Este cenário gera um ciclo vicioso: o aumento da temperatura compromete a produtividade agrícola e a qualidade nutricional dos alimentos, desencadeando perdas por variações extremas como secas e chuvas intensas.
Desigualdade e Vulnerabilidade
Um dos pontos altos da publicação é a análise crítica sobre a desigualdade no acesso à alimentação adequada. A professora da UFG enfatiza que, embora a América Latina possua uma vasta biodiversidade, as deficiências de adaptação e o financiamento climático insuficiente "intensificam as desigualdades estruturais entre populações rurais, tradicionais e urbanas".
Citando dados de literatura, Raquel Santiago aponta uma disparidade alarmante: "os 30% mais ricos da população global geram mais de 70% dos impactos ambientais dos sistemas alimentares, enquanto a maioria permanece à margem da justiça alimentar". Enquanto isso, grupos vulneráveis — como populações rurais, indígenas e pequenos produtores — sofrem as maiores consequências devido à sua baixa capacidade de adaptação.
Caminhos para o futuro
Apesar do panorama adverso, a docente conclui sua análise apontando para a possibilidade de uma transformação profunda. Para ela, a promessa de uma transição climática justa e saudável não depende apenas de fatores ambientais, mas da "capacidade dos governos, instituições acadêmicas e sociedade civil atuarem de forma coordenada, integrando políticas de saúde".
A professora defende que a reorientação das economias para um modelo de baixo carbono não é apenas um imperativo ambiental, mas constitui "estratégias diretas de promoção da saúde e de prevenção de doenças".
O artigo completo pode ser conferido na edição impressa ou digital do jornal O Popular de 24 de novembro de 2025.